O tempo já não se arrasta mais, nem tampouco tem esperado
aqueles que acreditam alcançá-lo de modo solene e sem ritmo. Por vezes se
equivale a um carrasco levando o prisioneiro à morte, em rápido movimento, sem
dó e nem um triz de piedade. Ou se faz como o automóvel que compete para chegar
rapidamente ao pódio. Mas este tem com quem competir, diferente do tempo. Ou
será que o próprio homem tornou-se o rival e competidor do senhor tempo? Nem se
chega e já se faz hora de abraçar novamente sussurrando ao ouvido um até breve;
nem se admira o que foi ganho para poder estender com a outra mão e oferecer ou simplesmente entregar;
não se pode contemplar o que foi produzido e já é preciso repassar para que não perca
importância; nem se alegra com o que foi colhido e o fruto já está em nova
posse para que seja oferecido antes que pereça, antes que perca seu valor, antes que, antes que, antes...! O tempo
nos tem feito, definitivamente, dependentes de seus marcadores. Se vão os
livros, as histórias, os periódicos, as notícias sem nem sequer serem desfrutados
por completo... assim também são consumidas a música e todo tipo de arte sem ao
menos deixar a devida marca de cultura que nos é preciso. E nisso é que é
preciso cuidar-se. Para que o tempo não nos carregue feito inocentes que não
podem optar por aquilo que lhes é considerável, pelo que se tem gosto. O tempo
precisa ser nosso aliado para que sejam feitas todas as coisas de modo devido e
aceitável. E é preciso aliar o tempo à paciência. Ser paciente não é
tornar-se um vagaroso vivente que espera imaginando saber para o que vigia, mas não
percebe que o tempo lhe corrompe e lhe danifica. Ser paciente é sabiamente saber
esperar sem perder o prumo para o chronos e aproveitando dele cada fragmento de
tempo até que, aquilo que sabe que se espera, aconteça. Que o tempo nos permita
conhecê-lo e que possamos aproveitá-lo tornando-nos seu parceiro, depositando
nele nossa necessidade de existir com ele e ganhando dele as grandes lições que
só o tempo pode nos dar!
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