Sem dúvida, o curso Básico de Teatro, me ajudou numa série de
descobertas e percepções. Vou procurar enumerar algumas delas. Talvez a mais
relevante tenha sido me perceber como ser de relação. Seja no trato com
o outro, com as coisas ou com qualquer das possíveis formas de existência.
Impossível acreditar numa existência singular em que sejam desconsideradas as
formas de se relacionar, mesmo quando é preciso que se encontre alguma forma de
“brincar” de maneira solitária, eu preciso do outro e dessa relação para
descobrir aquilo que não me pertence quando estou só. A experiência do “estar
só” e de ser em-si passa antes pela experiência da alteridade e da empatia para
que se descubra sentido no movimento da singularidade. Depois, redescobrir
em mim uma faceta infantil que estava adormecida e que muitas vezes exerce
um papel de extrema importância no meio social incluindo-se o espaço
profissional. Ter a oportunidade de não preocupar-se com o racional e o
moralismo formal desencadeia uma pré-disposição para organizar os demais
aspectos da vida pessoal de forma extremamente emergente. E ainda o quanto as
coisas da vida passam despercebidas nos seus detalhes de acontecer. As
propostas de imaginar o existente e representá-lo de forma precisa com o corpo
me fez descobrir em mim um excelente investigador e observador das coisas
corriqueiras da vida. O atender de um telefone; o movimento de quem segura
um copo; a estratégia de quem abre uma porta; enfim, rotinas que antes não eram
minuciosamente percebidas ganharam um espaço de atenção para mim. Além de
considerar que as propostas do curso básico nos levam a relembrar as possibilidades
do nosso corpo, assunto que ficou esquecido na infância e na adolescência;
o quanto somos excelentes comunicadores; e que devemos assumir de
maneira constate o nosso papel de forma lúdica, disponível e flexível.
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