Eu não consigo
entender, não entra na minha cabeça a existência de um Deus que escolhe quem
amar, que seleciona as criaturas passíveis de receber seu afeto e sua
predileção. E minha dificuldade cognitiva aumenta quando tento entender o
motivo que leva pessoas a pregarem em nome de um Deus disseminador, que emprega
a ruptura quando dispensa amor.
Eu acredito em
um Ser Supremo que, ao ser motivado à criação, antes de qualquer outra coisa,
foi motivado ao amor, à acolhida e que, como Deus, já havia projetado as mais
adversas possibilidades de existência que viriam acontecer após o seu “start”
de vida. Ou será que o criador, onisciente que é, jamais imaginou que haveria
tantas possibilidades, principalmente ao conceder o livre arbítrio e a
consciência à criatura que ele criou com mais predileção. É preciso entender
que estamos falando de Deus, ser supremo em tudo. Tudo! Sua supremacia envolve
questões morais, afetivas, religiosas e pessoais.
Talvez fosse
possível ponderar e imaginar que um ato criador humano pudesse ter restrições e
ser limitado ao dispensar suas graças, porque estaríamos atribuindo toda
criação a um homem, suscetível a depositar nos princípios de sua criação a sua
própria vontade e sua mesquinhez. Mas não. Estamos falando de um ser supremo,
trata-se nada menos que Deus. Ser que não limita amor, que não limita afeto e,
muito ao contrário, investe nisso.
E aí vem o
prepotente ser humano e cria aquilo que ele chama de ligação com Deus –
religião. E parte dos seus princípios e das suas vontades para ditar o que acha
moral, correto e poder falar que foi Deus quem o mandou dizer, que Deus não
gosta e que Deus não aceita. A única questão que deveria ter sido usada na
fundação de uma religião foi a mais esquecida de todas. O emprego do Amor e do
respeito que tanto foi executado por Deus quando se fez homem e desceu à terra.
Como compreender que algo que deveria Re-ligar o homem a Deus, o distancia por
uma interferência humana e o mantém fora da presença e da sensibilidade do
criador? E para onde vão os exemplos deixados pelo Filho de Deus quando ele
acolhe, traz para o meio, faz voltar o que foi embora e dispensa amor numa
relação de alteridade?
Insano fazer
parte de um grupo de pessoas que falam em nome de Deus, mas que acreditam que,
entre os homens, existem aqueles que não foram criados por Ele ou mesmo que não
têm o seu amor e o seu olhar.
Talvez
a minha opinião não mude os dogmas e princípios das religiões que tantos
ostentam. Mas talvez afague o coração daqueles que, como eu, acreditam no Deus
que privilegia o amor, que se antecede com afeto. Eu creio no ser que ama, que
respeita e que doutrina a felicidade. Minha religião? O próprio Deus. Eu acredito
que Ele jamais me acusará por amar do meu jeito e que Ele infinitamente me
respeitará, afinal, se for diferente, porque Ele me fez assim?
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